Escândalo Tagliaferro: Ex-assessor de Moraes denuncia fraudes no STF e agita cenário político brasileiro

Nas últimas 24 horas, o caso envolvendo Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, voltou a ganhar grande destaque no Brasil. Tagliaferro apresentou denúncias graves que apontam para supostas fraudes e manipulações dentro de investigações conduzidas pelo STF, especialmente relacionadas a empresários bolsonaristas. O episódio repercute intensamente no âmbito político e jurídico nacional.

Tagliaferro afirmou em audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado que um relatório, utilizado para justificar uma operação da Polícia Federal, foi fraudado para mascarar que a ação se baseava apenas em uma reportagem jornalística publicada em agosto de 2022. Segundo ele, a data do documento foi alterada para preceder a investigação, quando na verdade foi produzida dias depois. Isso indicaria uma tentativa de encobrir a origem da operação contra empresários ligados ao bolsonarismo.

Durante o depoimento, Tagliaferro exibiu documentos e arquivos digitais para embasar suas acusações, defendendo que tais práticas correspondem a um “modus operandi marginal” do ministro Alexandre de Moraes. O ex-assessor pediu ainda o afastamento de Moraes de inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. Após a divulgação das conversas entre Tagliaferro e Moraes, o ex-assessor foi exonerado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e atualmente reside na Itália, de onde participou da audiência.

Além disso, Tagliaferro é alvo de investigação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de crimes como violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação penal e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em 25 de agosto, o Ministério das Relações Exteriores solicitou a extradição do ex-assessor ao governo italiano.

O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, declarou que as denúncias de Tagliaferro impactam o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, relacionado a acusações de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Flávio prometeu providências, incluindo a elaboração de um relatório das denúncias para ser encaminhado às autoridades do Judiciário e aos réus dos processos do dia 8 de janeiro. Também foram mencionados pedidos de proteção internacional para Tagliaferro e ações para denunciar supostas violações de direitos humanos à comunidade internacional.

Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes não se pronunciou publicamente sobre as acusações feitas por seu ex-assessor. O gabinete do ministro afirmou que todos os relatórios e diligências foram realizados com ciência da PGR e dentro da legalidade, mas não refutou diretamente as alegações.

O caso Tagliaferro traz à tona debates sobre a transparência e imparcialidade das investigações no STF, especialmente em processos ligados ao bolsonarismo e aos desdobramentos do cenário pós-eleitoral de 2022. A repercussão política e jurídica deve se intensificar nas próximas semanas, à medida que novos documentos e depoimentos forem apresentados e analisados pelas instituições brasileiras.